O único sítio onde podia ser exactamente como era, era com os pais e avós. Acabava por ter a sensação que era uma pessoa em casa e outra fora e isso era algo que não a deixava muito feliz nem realizada. E isto tudo por quê? A falta de auto-confiança e o sentimento de inferioridade eram enormes. Por algum motivo, os outros pareciam sempre melhores que ela, fazendo com que cada vez se fechasse mais na sua conchinha.
Não gostava nada do seu aspecto físico, particularmente do seu corpo. O ballet ia deixando as suas pernas um pouco musculadas e não era tão magra quanto gostava de ser, por isso estava sempre em dietas e ora exagerava para menos ora para mais. Até que chegou a uma fase que se começou a aperceber que não era assim tão pior em tudo, talvez também tivesse uma ou outra coisa a seu favor, nomeadamente na escola. Até tinha boas notas e isso era bom. E sabia dançar, não era das melhores, mas gostava do ballet e lá se ia safando. Em relação ao corpo e às dietas, isso fora uma batalha nunca ganha.
Alguns dos seus amigos ainda tinham a ideia dela como muito submissa e não aceitaram muito bem que isso estivesse a mudar, mas teve de ser. O mais difícil foi o aprender a dizer "não". Ao início ainda vacilava, depois começou a ser mais fácil, afinal ninguém tem de fazer sempre as coisas só para agradar aos outros (e diga-se que há quem abuse e muito). Começou lentamente a expressar as suas opiniões nas conversas, a ser mais participativa em tudo e, até, a participar em "discussões" sobre temas em que não havia acordo. Foi uma vitória. A menina tinha começado um processo de mudança pessoal que, esperava que fosse sempre evoluindo para melhor e dando os seus frutos.
Ok, parei de escrever na 3a pessoa, já estava a ficar estranho. Basicamente lembrei-me disto, porque ainda agora, de vez em quando, tenho "recaídas" e a minha auto-estima cai a pique. Olho ao espelho e detesto o que vejo, e não é só da imagem externa que estou a falar, é mais a interna até. Começo a pensar demais, o que é sempre um problema para mim, começo a pensar que não tenho namorado, nem intenções de ter e, sinceramente, também não tenho ninguém minimamente interessado, começo a stressar com coisas estúpidas e que não têm sentido nenhum, enfim. Felizmente, passado algum tempo, costuma haver sempre alguma coisa que me faz recompor totalmente e voltar à minha normalidade. Vamos ver quem é a minha/meu "anjinho da guarda" desta vez 0=)
2 comentários:
ainda bem que mudaste o que nao gostavas em ti :)
?!?! Explicaste toda a minha vida até agora!!
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