domingo, 25 de outubro de 2009

Nocturno

(tirado daqui)
Nocturno


Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...
-
Como um canto longínquo – triste e lento –
Que voga e subtilmente se insinua,
Sobre o meu coração, que tumultua,
Tu vertes pouco a pouco o esquecimento...
-
A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando, entre visões, o eterno Bem.
-
E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Génio da Noite, e mais ninguém!


Antero de Quental, Sonetos


Vou passar a reservar um dia por semana para postar um poema. Um que me tenha marcado de alguma forma. Esta semana fica Nocturno, de Antero de Quental, encontrado neste blog.


beijinho*

3 comentários:

Carla disse...

E que belo começo !!!

bj

S* disse...

Antero de Quental era - e é - muito intenso. Assim como a noite...

Anónimo disse...

Eu adoro poemas e esse de Antero de Quental é lindo demais!

beijinho